Bem Vindo


quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Família Equilibrada, Igreja Abençoada


Wanda de Assumpção



De pé, diante daquele mar de rostos femininos, eu me preparava para falar sobre família no I Encontro Nacional de Mulheres em Serra Negra. Embora tremendo diante de tamanha responsabilidade, eu sabia que estaria falando a ouvidos atentos, pois se há assunto que sempre interessa às mulheres, que as preocupa, é o da família. E hoje, mais do que nunca, temos razão em nos preocupar.

Tudo que ouvimos a respeito dos relacionamentos familiares nos pinta um quadro triste de famílias desestruturadas pela separação, pelos números cada vez mais elevados de divórcios, pelo grande número de adolescentes grávidas, por doenças sexualmente transmissíveis destruindo corpos jovens e vidas inocentes, pela violência que resulta de crianças sobrevivendo nas ruas, longe de qualquer cuidado e carinho, envolvidas com drogas, cigarro, bebidas.


Garanto que pelo menos um desses problemas já tocou sua vida, querida leitora. Já tocou a minha. Embora crentes, não estamos imunes aos estragos que vêm ocorrendo na família. Mas não precisamos nos desesperar, pois não estamos à mercê das circunstâncias em que vivemos. Deus, em Sua soberania e sabedoria, muitas vezes permite que passemos pelo sofrimento para aprendermos os Seus caminhos. Ele nos dá princípios sólidos e inabaláveis para nos dirigir, nos orientar e mostrar o que deseja para nós. Como criador amoroso do mundo em que vivemos, dos seres humanos e da família, Ele sabe do que precisamos para viver bem.


Quer ver um exemplo de como Deus planejou tudo para o nosso bem?


Vivemos num mundo governado por certas leis naturais, as leis da física. Mesmo que você não entenda nada de física, como eu, garanto que já ouviu falar na lei da gravidade. Essa é a lei que diz que, se cairmos de certa altura, há uma força que nos puxa para o chão e, portanto, inevitavelmente nos esborracharemos. Aprendemos essa lei desde os tombos que levamos quando começamos a trocar os primeiros passos e convivemos bem com ela respeitando-a e evitando situaçòes nas quais ela será exercida. Assim, é do nosso interesse respeitar e obedecer a lei da gravidade e outras como ela se quisermos viver bem e saudáveis.


São essas leis que mantêm em ordem toda a imensa estrutura do Universo. Elas não existem por capricho, pelo gosto de fazer as pessoas se esborracharem no chão quando caem de certa altura, mas para manter todo o Universo em existência. Se, por acaso, a alguém fosse concedido o poder de apertar um botão e desligar a gravidade, o Universo em si, na forma como o conhecemos e que permite a vida que temos, desapareceria no mesmo instante.


Da mesma forma que criou as leis físicas, Deus estabeleceu leis espirituais que têm suas funções definidas na boa ordem das coisas da alma e do espírito e as revelou em Sua Palavra, o nosso Manual do Fabricante. Para viver bem como pessoas e como famílias, precisamos respeitá-las e obedecê-las. São elas tão confiáveis, imutáveis e inabaláveis quanto a lei da gravidade e as outras leis naturais. Se quisermos famílias fortes e equilibradas, temos de buscar o que Deus diz ser bom e fazer o que Ele mandar.


Quando estudamos o plano de Deus para a família, vemos três momentos importantes: A. Como Ele estabeleceu o casamento; B. A triste descrição do que aconteceu quando nossos primeiros pais pecaram; e, C. O que precisamos fazer hoje para restabelecer a boa ordem da criação.


A. O projeto original

Quando Deus criou os seres humanos como homem e mulher, Ele os fez iguais em sua essência, mas diferentes em função, para viverem em comunhão perfeita com seu Criador. Eles viveriam num relacionamento de perfeita intimidade em todos os aspectos, sem nenhuma barreira, cimentado por uma visão comum dos objetivos de suas vidas, um vivendo para o outro como a melhor forma de desfrutar a felicidade de realizar-se totalmente como parceiros complementares. Alimentados continuamente pelo amor doador e gracioso de Deus, eles seriam vasos que, ao transbordar, derramariam esse mesmo amor doador e gracioso sobre o outro.


Deus fez primeiro o homem, e colocou-o no jardim do Éden “para o cultivar e guardar”. Ele seria o provedor e o protetor da criação. Depois, deu-lhe uma ordem: poderia se alimentar das frutas de toda árvore do jardim, mas não das da árvore do conhecimento do bem e do mal. A ordem representava uma prova da sua obediência, uma admissão da criatura sobre sua posição de ser criado diante do Criador, uma renúncia a qualquer vislumbre de autonomia.


Depois, Deus declarou não ser bom o homem estar só e disse como solucionaria aquele problema: “Far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gen. 2:18). E tendo assim planejado, executou Seu plano, criando a mulher a partir de uma costela do homem e estabelecendo a família , pois abençoou os dois e lhes disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gen. 1:28).


Encontramos na Bíblia três afirmações referentes a cada elemento da família. São elas a forma como Deus nos revela Seu plano original para o relacionamentos entre marido e esposa, entre pais e filhos.


1. “O marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja” (Ef. 5:23).

2. A esposa é a ajudadora do seu marido (Gen. 2:18, 20b).

3. Os filhos são bênção e herança do Senhor Deus (Gen. 1:27-28; Sl 127:3).

Vamos examinar com mais detalhes essas afirmações.


1. O marido é o cabeça da mulher.

Quando o apóstolo Paulo escreveu essas palavras, usou a língua grega comum que as pessoas a quem sua carta era dirigida usavam no seu dia a dia. Segundo um estudioso , havia duas palavras que Paulo poderia ter usada. A primeira delas é a palavra arche (pronunciada “arque”), que é traduzida por “cabeça” no sentido de denotar anterioridade, autoridade, o primeiro em grandeza e que pode ser traduzida por magistrado, chefe, príncipe, governante, cabeceira de um rio, etc. Se ao usar a palavra cabeça Paulo quisesse indicar alguém com autoridade sobre a mulher, teria usado a palavra arche. Entretanto, ele usou outra palavra – kephalé -- que também é traduzida por cabeça.


Essa palavra, da qual vem a nossa palavra cefaléia para dor de cabeça, significa apenas cabeça, a parte do corpo humano. Kephalé também podia ser usada para se referir à parte mais proeminente, em termos de posição, mas nunca foi usada para significar "chefe ou mandatário". É também um termo militar que designa "o que lidera, o que vai à frente", embora não no sentido de dar ordens. Não é usada para o general, que dá ordens às tropas, mas, sim, para o batedor, o que vai à frente dos companheiros no campo de batalha, o que se expõe primeiro ao perigo a fim de proteger e orientar os que o seguem. A liderança do marido como cabeça vem de conhecer a vontade de Deus e segui-la.


Paulo conhecia bem as duas palavras e, inspirado pelo Espírito Santo, usou deliberadamente a segunda ao dizer que o marido é o cabeça da mulher, aquele que lidera indo à frente para proteger os seus, servindo-os e dando por eles a própria vida, como Cristo fez pela igreja.


Para que o homem possa desempenhar bem essa função, Deus o capacitou com mais força e energia físicas, mais agressividade, o que o torna mais competitivo, mais voltado para objetivos e idéias, mais lógico e racional, mais unilateral em seu modo de pensar. Quando todas essas qualidades são canalizadas em pról do bem da família, o homem se torna um líder extraordinário, um conquistador, um vencedor.


2. A esposa é a ajudadora do seu marido

Após haver criado o homem, Deus disse não ser bom que ele vivesse só. O próprio Criador lhe daria uma ajudadora que fosse da mesma essência e da mesma espécie que ele, mas diferente, para complementá-lo. Na essência, os dois seriam iguais. Na função, seriam diferentes, complementares.


Ao fazer a mulher, Deus usou um método diferente daquele usado para fazer o homem. Ela foi criada a partir de outro ser humano, estando assim ligada a ele de forma indestrutível. A palavra do original hebraico usada para descrever essa ajudadora é “ezer”, que significa a pessoa que está diante de outra, cercando, dando apoio, suporte. Ela é usada no capítulo 2 de Gênesis duas vezes para se referir à mulher, e em mais de cinqüenta vezes no restante do Antigo Testamento para se referir a Deus como o ajudador do Seu povo. Assim, a mulher, em sua maneira feminina de ser, reflete algumas das características do próprio Deus.


Para que ela pudesse ser uma ajudadora competente e fiel, Deus a capacitou física e emocionalmente para ministrar como especialista nos relacionamentos. Ela tem mais resistência física, é mais ligada aos sentimentos, mais comunicativa, mais intuitiva, mais relacional, mais ligada às pessoas e ao meio ambiente. O Dr. Paul Tournier, psiquiatra cristão suiço, que escreveu um livro só sobre as mulheres, diz que isso ocorre porque a mulher tem o sentido da pessoa. Por sua própria natureza, ela é mais sensível às necessidades das pessoas, aos seus sofrimentos, aos sentimentos. Essa é a essência da feminilidade.


3. Os filhos são bênção do Senhor

Os filhos fazem com que seus pais se tornem co-criadores com Deus. É através deles que um novo ser é formado, embora a vida em si venha diretamente das mãos de Deus. Eles são confiados aos pais durante um período breve da vida para serem por eles criados e nutridos até atingirem a idade em que podem assumir as responsabilidades da vida adulta.


Através do cuidado dos filhos, os pais aprendem sobre o amor e o cuidado de Deus e amadurecem como pessoas. Eles são a fonte de nossas maiores alegrias e de nossas maiores tristezas.


No plano original de Deus, a família estava assim constituída, em amor, harmonia e plena felicidade. Ela foi criada para o bem do ser humano e faz parte da graça comum de Deus para toda a humanidade. Infelizmente, porém, o pecado entrou no paraíso e distorceu o que Deus havia criado como bem. É por isso que a família hoje encontra tantos problemas e dificuldades. Apesar de o projeto original ter sido perfeito, ele é hoje vivido por seres imperfeitos. Entretanto, o plano não mudou e Deus mesmo já proveu uma forma de restauração, como veremos na continuação deste estudo.


Famílias desestruturadas não são coisa de hoje. A Palavra de Deus nos dá um retrato autêntico das dificuldades enfrentadas pelas famílias, começando com a de Adão e Eva. Imagine você criar dois filhos e depois um matar o outro! Que sofrimento pode ser maior do que esse para os pais?


Essa foi a realidade que a escolha dos dois primeiros seres humanos legaram a todos nós. Separados de Deus ao escolherem seu próprio caminho, eles logo entraram em conflito. A harmonia que haviam desfrutado até então evaporou-se ao calor das acusações, dos sentimentos de vergonha e culpa que os levaram a esconder suas diferenças um do outro e a esconder-se de Deus.


O pecado distorceu as características essenciais do homem e da mulher, transformando o que Deus criou para o bem em fonte de tensão e conflito. O homem, criado para ser o provedor, o protetor, tenderia agora a ser fisicamente dominador, emocionalmente omisso. A mulher, sentindo a tendência de fuga do marido, tentaria controlá-lo ativa ou passivamente, procurando modificá-lo para corresponder às suas expectativas ou assumindo uma postura sufocante de total dependência dele. E seus filhos já nasceriam com corações inclinados à rebeldia. Provérbios 22:15 nos diz que a estultícia, ou insensatez, está ligada ao coração da criança. Insensatez é o oposto da sabedoria que provém do temor ao Senhor. As crianças já nascem afastadas de Deus, sem conhecê-Lo e sem temê-Lo, e essa insensatez se reflete primeiro na rebeldia contra os pais.


O que Adão e Eva plantaram, todos os seres humanos colhem.


Entretanto, Deus não nos abandonou aos nossos próprios recursos. Ele nos chama à restauração do relacionamento consigo através de Jesus Cristo. Seu Espírito agora opera em nós, moldando-nos à imagem do Filho, usando para esse objetivo tudo o que nos permite acontecer: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:28-29).


Somos agora parte de uma família e, como tal, parecemo-nos uns com os outros porque temos a vida de Cristo em nós. Através da restauração de cada indivíduo, Deus quer restaurar as famílias à harmonia, crescimento e bênção que Ele planejou que ela oferecesse. E nos deu instruções do que é essencial fazermos para restabelecer o equilíbrio que foi perdido com o pecado.


O que Deus diz aos maridos.

Em Efésios 5:25-33, Ele diz em essência: “Maridos, amem suas esposas como Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, e como vocês amam a si mesmos.”


O verbo amar, usada pelo apóstolo Paulo, vem do grego agapao que significa afeto benevolente, amor doador, sempre voltado para o bem da pessoa amada. É a mesma palavra usada para falar do amor altruísta de Deus, totalmente voltado para o ser amado, ao contrário do amor egoísta, que é voltado para a satisfação das próprias necessidades. Não é, portanto, um amor natural ao ser humano mas pode existir quando o amor de Deus encher o coração da pessoa. É o amor pelo qual todo coração de mulher anseia, em suas diversas facetas: Iniciativa, doação da própria vida se for preciso, dedicação, cuidado, proteção e mistério.


Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro. Ele tomou a iniciativa, amando, buscando, atraindo, oferecendo as condições de nós retribuirmos o Seu amor. É o retrato do varão buscando e cortejando a sua amada. O homem é mais agente, a mulher, reagente. Quando ele toma a iniciativa no processo do relacionamento com uma mulher, está oferecendo a ela as melhores condições de exercer sua feminilidade. Na oferta e manutenção do amor, principalmente, o marido estará provendo o ambiente propício para uma reação apropriada da esposa. É notório na passagem citada que o apóstolo Paulo não ordena às esposas amarem seus maridos. Nem precisa. É praticamente impossível à esposa que for amada com o amor agape deixar de retribuir ao amor do marido.


Outro aspecto importante do amor que o marido deve dedicar à esposa é o da doação. Cristo amou a igreja e se entregou por ela, dando a própria vida. Ninguém pode duvidar da extensão de um amor como esse. O marido dá a vida pela esposa, não em algum gesto grandiloqüente de alta coragem em circunstâncias perigosas, mas nas pequenas concessões, nos pequenos gestos, no cuidado que tem para com as necessidades dela, na maneira gentil e respeitosa como a trata em particular e na frente dos outros.


O amor do marido deve servir de cobertura, de proteção sobre a esposa. Essa é a figura que encontramos no Antigo Testamento, quando o noivo cobria a noiva com seu manto, oferecendo-lhe sua proteção. Coberta pela masculinidade do marido, a esposa pode ser livre para se realizar plenamente como mulher e como pessoa. Quando o marido ama a esposa, rejubila-se com seus dons e capacidades e promove seu crescimento e realização, nem que para isso seja preciso assumir algumas tarefas dentro de casa, permitindo-lhe tempo e liberdade para buscar interesses que lhe sejam particulares.


O amor de Jesus pela igreja visa a sua santificação e aperfeiçoamento, o que redunda em glória para Ele próprio. O amor do marido que é calcado nesse exemplo visa o aperfeiçoamento, o crescimento, o amadurecimento e a restauração da pessoa que sua esposa foi criada para ser, o que redundará em felicidade e gozo para ele próprio. O marido que trata a esposa como uma rainha terá uma rainha por esposa.


Esse é o mistério do amor no relacionamento conjugal. Simbolizado pela redondeza das alianças de ouro, ele dá início a um processo infindo de doação que constitui o paradoxo de que é dando que se recebe, é doando a si mesmo que se cresce, é libertando que se liberta.


O que Deus diz às esposas

“Esposas, sejam submissas a seus maridos no Senhor, respeitando-os” (Efésios 5:22-24,33).


Sei que muitas mulheres têm dificuldade em entender o conceito de submissão, mesmo mulheres crentes. Mas, quando entendemos o que Deus está nos dizendo, vemos que, em última instância, o que Ele está pedindo é que nos submetamos a Ele, à Sua sabedoria, e ao Seu propósito para nós pois só dentro dele seremos realmente felizes e realizadas.


A primeira coisa que precisamos entender a respeito da submissão de que trata a Bíblia é que a ordem foi dada a pessoas que devem estar cheias do Espírito Santo (Ef. 5:18-21). Trata-se, portanto, de uma questão espiritual.


Para entendermos exatamente o que Deus está pedindo de nós, é interessante notar a palavra original – hupotasso - que o apóstolo usou ao dirigir-se às esposas. É uma palavra que indica a atitude de colocar- se voluntariamente à disposição de alguém, alinhar- se com ele e ser sensível às suas necessidades. Como verbo reflexivo indica que o sujeito da ação é também o seu objeto. Somente a própria mulher pode se submeter ao marido. Ninguém pode obrigá-la a isso.


Quando escreveu essas palavras, Paulo se dirigia a mulheres que eram pouco mais do que escravas em suas próprias famílias, sem direito sobre suas vidas. E, no entanto, ele lhes disse que deviam ser submissas porque submissão é algo interior, é uma atitude do coração e não apenas uma condição externa.


A submissão que Deus ordena não é da mulher para o homem. É apenas da esposa para com o marido. Nos nossos dias, uma mulher pode exercer posição de autoridade e comandar até mesmo uma nação, mas dentro de seu lar, ela deve ser submissa à liderança de seu marido.


Submissão não é condicional. Não encontramos nessa passagem a palavrinha “se”: Se seu marido a amar como Deus ordena, então você deve se submeter a ele. Não! E aí reside nossa maior dificuldade – a de respeitar nosso marido mesmo que ele esteja longe de fazer o que Deus lhe ordena.


Submissão não é simples obediência, passividade, rendição, co-dependência, nem omissão. É uma atitude de entrega voluntária e verdadeira de nós mesmas, é a doação de tudo o que somos em favor do outro.


O maior exemplo que temos desse tipo de atitude foi a que Jesus teve quando renunciou a todos os seus direitos para nascer neste mundo como ser humano, assumindo a forma de servo e entregando Sua vida por nós. Ele é o exemplo dado aos maridos e às esposas e não está nos pedindo nada que Ele mesmo não tenha feito. Ainda assim, na maior parte do tempo é praticamente impossível fazer o que Ele nos diz por nossas próprias forças. E é nessas horas que Seu poder pode vencer nossa fraqueza e operar em nós apesar de nós mesmas (2 Cor. 12:9).


Ao tratar seu marido com respeito, a esposa está cooperando para que ele seja tudo aquilo que Deus o fez para ser, sendo, portanto, uma verdadeira ajudadora, uma verdadeira “ezer”.



Aos pais, Deus ordena que criem seus filhos com disciplina e lhes ensinem a obedecer, para o bem deles (Ef. 6:1-4).

A criança que é deixada por conta própria vem a envergonhar os pais (Prov. 29:15). Por quê? Embora seja difícil de acreditar isso quando vemos um bebezinho com aquele olhar e sorriso tão inocentes, ninguém é naturalmente bom. Nascemos biologicamente vivos mas espiritualmente mortos, afastados de Deus. Por isso, cada bebê que vem ao mundo precisa ser ensinado a andar nos caminhos do bem, obedecendo a seus pais, aprendendo a reconhecer os limites da sua vontade. E essa é a tarefa que Deus deu aos pais.


Cada criança que Deus põe no mundo tem um valor inimaginável. É obra das Suas mãos. Ele mesmo a entreteceu no ventre materno e lhe deu as características que desejou. Assim, os pais devem conviver com seus filhos e observá-los para descobrir quais as tendências boas que Deus colocou em cada um deles para favorecer o seu desenvolvimento, enquanto corrigem e disciplinam a tendência para a rebeldia que os afastará primeiro deles mesmos e, mais tarde, de Deus.


É no ambiente familiar, mesmo aquele nos quais as pessoas estão se esforçando para dar o melhor de si, que seus membros sentirão as maiores alegrias mas também suas maiores tristezas. Como seres essencialmente relacionais, é na área dos relacionamentos que mais nos sentimos vulneráveis. Mas Deus vem ao nosso encontro na nossa vulnerabilidade.


Ele tem poder para mudar qualquer circunstância de nossa vida num abrir e fechar de olhos. Quando oramos desesperadamente por mudanças, e elas não ocorrem, é porque Ele está mais interessado em mudar o nosso coração, em corrigir a nossa perspectiva. Diante de circunstâncias difíceis, indesejáveis, temos a escolha de brigar, manipular ou nos omitir, ou então, entregando-nos “nas mãos daquele que julga retamente” (1 Pe 2:23), permitir que Ele nos use como instrumentos Seus nessas mesmas circunstâncias até que Ele escolha mudá-las ou que nós tenhamos mudado.


Talvez, depois de ler tudo isto, você esteja pensando: Não posso, não consigo, é demais para mim. Sua vida familiar pode estar destroçada, seus relacionamentos com seu marido e filhos áridos e conturbados. Talvez você esteja pensando que é tarde demais para fazer alguma coisa e salvar seu casamento. Mas é nesse exato ponto que Deus vem ao seu encontro e diz: “Deixe por minha conta. Deixe que eu aja através de você, que eu ame através de você.”


Ele não promete restaurar todos os relacionamentos quebrados, mas promete que, quando Lhe abrimos a porta do nosso coração, Ele entrará e ficará conosco, sustentando-nos com Sua força e produzindo lindos frutos em nossa vida.


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Casamento, Desejo Sexual, Justiça, Matrimônio, Relação Sexual, Sexo, Vida Matrimonial


Hermes C. Fernandes

A justiça começa em casa! Cresci ouvindo isso dos lábios de meu pai. Nossa família deveria ser modelo para as demais famílias da igreja. Ser filho de pastor não era apenas um privilégio, mas uma responsabilidade.

Deus tem interesse de que a justiça do Seu reino seja implantada neste mundo,e que Sua vontade seja feita aqui na terra como no céu.

Porém, há um caminho que esta justiça tem que percorrer até que o mundo seja inteiramente tomado por ela.
Este caminho tem vários estágios, e os primeiros deles passam pela família.

Resumindo, a justiça começa sua jornada em casa, nos relacionamentos familiares, depois adentra a igreja, e desta para as nações.

Usando a metáfora bíblica, a justiça é como um rio, cuja nascente é o coração de Deus, que jorra inicialmente no coração do homem que se torna nova criatura, afetando todos os seus relacionamentos, a começar pelos familiares. “Corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como ribeiro perene” (Amós 5:24). À medida em que este rio avança, sua calha fica mais profunda e larga (Ez.47).

Muitos cristãos sinceros aguardam por uma intervenção divina que porá fim às injustiças no mundo. Porém, esta intervenção já se deu, quando fomos visitados pelo “sol da justiça” (Ml.4:2; Lc.1:78-79).

Se quisermos compreender a trajetória da justiça do Reino na História, até o seu estabelecimento pleno, basta investigarmos a trajetória feita pelo sol.

O astro rei nasce no Oriente, discretamente, e aos poucos, seus raios vão dissipando as trevas, até que seja dia perfeito. Deus Se compromete através dos lábios de Malaquias: “Desde o nascente do sol até o poente o meu nome será grande entre as nações” (Ml.1:11a). Não significa que o sol da justiça irá se pôr um dia, mas que a justiça de Deus abarcará toda a extensão da terra, do Oriente ao Ocidente.

Cristo é o Sol da Justiça, e veio ao mundo discretamente, nascendo num lar pobre do Oriente Médio.

É no contexto familiar que a justiça encontra seu berço. Toda a injustiça prevalecente no mundo, e que tanto nos enoja, parte do ambiente doméstico. É ali que ela é engendrada.

O político corrupto, o traficante sanguinário, o empresário ganancioso, são todos frutos da mesma árvore. Se não estancarmos esta hemorragia moral e ética, a sociedade humana perderá totalmente seu brio.

Jamais lograremos mudar as instituições, se não começarmos esta mudança pela mãe de todas elas, a família.
Portanto, é correto o adágio que diz que a justiça começa em casa.

Poderíamos localizar com mais precisão o lugar de onde ela deveria jorrar? Em que lugar da casa a justiça deveria ter seu ponto de partida?

Eu diria, sem medo errar: a justiça começa na cama.

Antes de justificar o que acabo de afirmar, permita-me uma rápida digressão.

O que é justiça, afinal? Qual o conceito bíblico de justiça?

Justiça é dar a cada um o que lhe é de direito.

Paulo nos apresenta este conceito na passagem em que fala de nossa relação com as autoridades constituídas:
“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm.13:7).

Quando se fala de tributos e impostos, o foco recai em nossa relação com o Estado. Sonegar equivaleria a privar o Estado de algo que lhe é de direito. Portanto, trata-se de uma injustiça.

Quando se fala de temor, o escopo é mais abrangente, e se estende à nossa relação com Deus. Deixar de temê-lO também é um ato de injustiça.

Em Apocalipse encontramos um dos mais lindos hinos já compostos:
“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos. Quem não te temerá, ó Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo. Todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, pois os teus juízos são manifestos” (Ap.15:3b-4).

Quando a justiça de Deus encher toda a terra, todo homem O temerá, todo joelho se dobrará e toda língua confessará Sua soberania. Ele finalmente será temido em todas as nações.

Deixando um pouco o Apocalipse, voltemos pra cama do casal…

Paulo fala de tributos, impostos, temor e… honra!

E o que isso tem a ver com a cama?

Leia o que diz o escritor sagrado acerca da cama do casal:
Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula, pois aos devassos e adúlteros Deus os julgará” (Hb.13:4).

O tradutor usa a palavra “leito”, que é sinônimo de “cama”; talvez por ser uma palavra mais elegante. Porém, o texto original usa o vocábulo grego “koité”, de onde vem a palavra “coito”. Portanto, tanto o matrimônio quanto o coito (o ato sexual em si) devem ser igualmente honrados.

É aí que começa o percurso da justiça no mundo, até alcançar as nações. Parece bobagem? Mas não é!

Nossa sociedade tem transformado o sexo numa coisa suja, banalizando-o, coisificando-o. Rita Lee retrata isso em uma de suas composições, em que diz que o amor é cristão, mas o sexo é pagão.

A pornografia nada mais é do que a vulgarização de algo sagrado, a perversão da justiça.

Como deixamos de honrar o matrimônio e o ato sexual?

Deixemos que Paulo nos diga:
“O marido pague à mulher o que lhe é devido, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido. Do mesmo modo o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outra, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração. Depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência” (1 Co.7:3-5).

Pode parecer que Paulo esteja sendo rude. Como reduzir a relação sexual a um pagamento? Porém, não é esta a intenção do apóstolo. Ele está pensando em termos de justiça, o que implica em deveres e direitos.
Não me venha com essa de que Paulo era machista. Tanto o homem quanto a mulher tem os mesmos direitos e deveres.

O corpo do homem já não lhe pertence mais. Tão-pouco o corpo da mulher.

Imaginemos a cama como um altar. Ela não apenas tem a forma de uma altar (lugar alto, acima do nível do chão, em formato retangular), como também o que ali é feito (além de dormir, é claro…) tem o caráter de oferta.

Assim como devemos oferecer nossos corpos em sacrifício santo e agradável a Deus (Rm.12:1), devemos também oferecer nossos corpos em oferta de amor ao nosso cônjuge.

Nosso corpo é um direito que nosso cônjuge tem. Nosso dever é mantê-lo disponível. E isso vale para os dois. Privar o outro disso equivale a defraudar, isto é, cometer uma injustiça. A única excessão à regra é quando um dos cônjuges pretende dedicar-se por um tempo à oração. Mesmo assim, tem que ter o aval do outro. E tão logo termine o período de oração, devem disponibilizar-se mutuamente. E isso, segundo Paulo, para que Satanás não se aproveite de nossa fraqueza.

Engana-se quem pensa que Paulo legislou em causa própria, pois sequer era casado. Muito antes dele, o sábio Salomão escreveu:
“Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade. Porque esta é a tua porção nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol” (Ec.9:9).

Nossa porção está nas mãos de quem amamos. Ninguém tem o direito de reter a porção pertencente ao outro. E se possível (caso haja disposição pra isso), todos os dias de sua vaidade. rs

Claro que ninguém é de ferro. Porém, o casal deve buscar manter certa sincronia, em que o desejo de um coincida com o desejo do outro. Isso será conquistado à medida que estreitarem sua comunhão e intimidade. Quanto mais conhecemos a pessoa amada, mais nos adequamos a ela.

Uma vida sexual descompensada nos afeta em todas as áreas, inclusive nosso relacionamento com Deus e com os demais.

Veja o que Pedro diz:
“Igualmente, vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações” (1 Pe.3:7).

Deus Se recusa a ouvir e atender a oração de maridos que abusem da fragilidade de suas esposas. Não há maior castigo do que este. Em matéria de sexo, a mulher é a parte mais frágil e vulnerável. Portanto, cabe a ela a honra de estabelecer quais são os limites a serem respeitados pelo marido.

Nesta questão, a mulher deve ter primazia. Este princípio pode ser observado em outra passagem, em que Paulo fala do relacionamento entre os membros do Corpo de Cristo: “Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos, são necessários, e os que nos parecem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais…” (1 Co.12:22-23a).

Se alguém me pergunta o que vale e o que não vale entre quatro paredes, minha resposta é: pergunte à sua mulher.

O problema é que muitos não sabem respeitar e honra seus próprios corpos, como poderão respeitar e honrar o corpo de seu cônjuge?

A recomendação de Paulo é clara:
“Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém oprima ou engane a seu irmão. O Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos” (1 Ts.4:4-6).

Ninguém tem o direito de transformar o sexo numa arma para dominar o outro a seu bel-prazer. Nem usá-lo como chantagem para tirar do outro o que quiser.

É lógico que entre o casal deve haver desejo, cumplicidade, ou como diriam alguns, tesão. O que Paulo chama de lascívia é o que hoje chamaríamos de tara, perversão. Nossas fantasias sexuais devem manter-se no terreno da sanidade.

O homem tem que entender que sua mulher, além de mãe dos seus filhos, é herdeira da mesma graça da vida. Não é um objeto, uma atriz pornô ou uma garota de programa. Por isso, seus escrúpulos têm que ser considerados, e seus limites respeitados.

Só pode haver uma entrega total onde haja confiança total. Parafraseando o salmista, “entregue seu corpo ao seu cônjuge, confia nele, e o mais ele fará…” Porém, confiança se conquista com o tempo. Mulheres que sofreram abusos de seus maridos, terão dificuldade em voltar a confiar. Estarão sempre com um pé atrás.

A mulher necessita sentir-se amada, e não usada. Já o homem necessita sentir-se desejado, e não apenas estimado. Se ambos compreenderem os desejos e os limites do outro, tudo fluirá sem dificuldade.

Em vez de encarar a relação sexual apenas como um dever, que tal encará-la como um direito a ser usufruído e compartilhado com quem se ama?


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CASADOS, REALMENTE?

marriage Vivemos uma época da História da Humanidade em que instituição do casamento está francamente desacreditada, por razões que todos nós conhecemos, uma vez que todos temos acesso à mídia.

E num mundo assim, é comum encontrarmos uma parcela de cristãos evangélicos achando que estão imunes ao problema; que a sua fé e a sua piedade nunca permitirão que algo venha arranhar a sua relação conjugal.

Será?

Para responder à essa pergunta, comecemos por definir os três tipos de casamento que configuram a união matrimonial:

1. CASAMENTO CIVIL: é aquele realizado pelo juiz de paz, no cartório, seguindo normas legais, e a com a aposição das assinaturas dos noivos e das testemunhas.

2. CASAMENTO RELIGIOSO: é aquele realizado na igreja, perante um pastor ou sacerdote, com a presença dos padrinhos de ambos os nubentes. A noiva se veste de branco, há a troca de alianças e, geralmente, existe muita pompa.

3. CASAMENTO TEOLÓGICO: é, na verdade, o casamento bíblico (“…deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher, e serão ambos uma só carne”). Esse ocorre no coração do casal que se ama e não há necessidade de testemunha alguma, pois o compromisso é diante de Deus.

Conforme se depreende, dos três tipos de casamento acima, o de maior importância sempre foi e sempre será o terceiro. Somente o casal teologicamente casado pode, realmente, ter comunhão entre si e diante de Deus. Os dois outros são instituições humanas.

MAS O QUE A RELIDADE NOS ENSINA?

Infelizmente que, aquilo que tem valor diante de Deus, perdeu o seu valor diante dos homens.

É muito comum encontrarmos casais cristãos que brigam e ficam dias; às vezes, semanas, sem se falarem, sem se unirem, sexualmente, chegando a dormir em quartos separados.

Por outro lado, existem aqueles casais mais antigos que vão para a igreja com a Bíblia embaixo do braço durante anos a fio. Aparentemente estão casados. Vivem, sem dificuldades, o casamento civil e o casamento religioso.

Mas, como quase nem mais se conversam, o amor desapareceu de suas vidas há muito, vivem “de aparência” e “para a igreja”. Teologicamente, estão divorciados!

E, que ninguém se engane. Isso acontece também com pastores e pastoras!

Que a leitura deste artigo possa fazer-nos refletir a respeito e, se for o caso, curvarmo-nos, reconhecendo as nossas falhas,confessando-as diante do Senhor.

Não é, com certeza, a vontade de Deus que vivamos o casamento de uma forma farisaica.

Tony Ayres




As Pessoas Continuam A Se Casar

casamento1 O casamento, nos tempos modernos, está em crise. As estatísticas mostram um aumento assustador do número de divórcios. Há, entre os brasileiros, o conhecido jargão sobre esse rito de passagem: “Quem está dentro quer sair; quem está fora quer entrar”.

O mundo mudou tanto nas últimas décadas que, na atualidade, pouquíssimos casamentos chegam a durar 10 anos. Parece-nos que, a continuar como estão indo as coisas, em breve não se comemorará mais as bodas de prata.

Apesar de todos os problemas e responsabilidades que o casamento acarreta, no entanto, ninguém (ou quase ninguém) deseja ficar solteiro (a). Isso, sem dúvida, é positivo pois, sem família (com pai e mãe) as crianças não podem ser criadas emocionalmente saudáveis.

É preciso, portanto, que as pessoas sejam mais tolerantes, conscientizem-se de que uma relação a dois não pode ser vivida com eterna paixão, mas deve ser construída a cada dia de cada mês de cada ano.

E olha que os evangélicos precisam, mais do que os outros, aprender essa verdade. Nada adianta “vigiar e orar” se não se der a devida atenção ao cônjuge e à família.

Quando fez a Reforma Protestante, uma das coisas contra as quais Lutero se insurgiu foi contra considerar o casamento como um sacramento.

No entanto, a Igreja protestante considera o casamento civil como legítimo, também perante Deus.

Esperemos e contribuamos para que o casamento volte a ter o valor que merece ter. Somente dessa forma será também legítimo o desejo de querer casar.

Antônio Ayres




SAIBA SE VOCÊ SOFRE DE DISTIMIA

DISTIMIA A distimia caracteriza o indivíduo que possui uma tristeza ou um mau humor constantes. De uma forma mais clara, os traços essenciais da distimia são o estado depressivo leve e prolongado, além de outros sintomas em geral, sempre presentes.

Pelos padrões psiquiátricos americanos são necessários dois anos de período contínuo predominantemente depressivo para os adultos e um ano para as crianças sendo que para elas o humor, com mais frequência, é irritável ao invés de depressivo.

Para se fazer o diagnóstico diferencial da distimia é necessário excluir fases de exaltação do humor como a mania ou a hipomania (estado leve de exaltação do humor), assim como a depressão maior.

Causas externas podem também anular o diagnóstico como as depressões causadas por substâncias exógenas. Durante essa fase de dois anos o paciente não deverá ter passado por um período superior a dois meses sem os sintomas depressivos.

Além disso, para preencher o diagnóstico de depressão os pacientes, afora os sentimentos de tristeza prolongados precisam apresentar dois dos seguintes sintomas:

  • Falta de apetite ou apetite em excesso
  • Insônia ou hipersonia
  • Falta de energia ou fadiga
  • Baixa da auto-estima
  • Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões
  • Sentimento de falta de esperança

Outras Características

Estudos têm demonstrado que os sentimentos de inadequação e de desconforto são muito comuns, a generalizada perda de prazer (anedonia) ou interesse também, e o isolamento social manifestado por querer ficar só em casa, sem receber visitas ou atender ao telefone nas fases piores são constantes.

Os pacientes reconhecem sua inconveniência quanto à rejeição social, contudo não são capazes de se controlar. Usualmente os parentes exigem deles uma mudança positiva, mas isso não é possível para quem está deprimido, a não ser com o uso de medicação adequada.

A irritabilidade contudo e impaciência são sintomas muito comuns e incomodam ao próprio paciente. A capacidade laborativa fica prejudicada bem como a agilidade mental. Assim como na depressão, na distimia também há alteração do apetite, do sono e também da psicomotricidade.

O fato de uma pessoa ter distimia não impede que ela desenvolva depressão: nesses casos denominamos a ocorrência de depressão dupla e quando acontece o paciente procura o psiquiatra.

Como a distimia não é suficiente para impedir o rendimento, apenas prejudicando-o, as pessoas não costumam ir ao médico, mas quando não conseguem fazer mais nada direito, vão ao médico e descobrem que têm distimia também.

Os pacientes que sofreram de distimia desde a infância ou adolescência tendem a acreditar que esse estado de humor é natural deles, faz parte do seu jeito de ser e por isso não procuram um médico, afinal, conseguem viver quase normalmente.

Tratamento
Embora o tratamento com antidepressivos tricíclicos nunca se mostrarasse satisfatório, as novas gerações de antidepressivos (ISRS’s), no entanto, vem apresentando melhores resultados no uso prolongado. Também, antipressivos atípicos são uma boa perspesctiva.

Usa-se, atualmente, a fluoxetina, a paroxetina, a sertralina e a mirtazapina.

Antônio T. Ayres